Sobrecarga sensorial dos autistas

Os seres humanos passam por estresse. É normal. Porém, os autistas ainda precisam dar conta de problemas a mais, que dizem respeito à sua sobrecarga sensorial.

Em razão dos seus estímulos sensoriais específicos, os autistas acabam tendo que lidar com níveis mais agudos de stress.

Quando esses níveis estão altos, as pessoas no espectro do autismo podem entrar em ponto da crise, levando ao meltdown ou ao shutdown.

Qual a diferença entre o meltdown e o shutdown autistas?

O meltdown é uma crise explosiva. É uma irritação ou uma explosão externa, que demonstra o esgotamento emocional e mental do autista, por causa de algum fator externo ou interno.

É como um curto-circuito, um colapso. O autista pode parecer dezarrazoado, nesse momento, mas isso é fruto de uma sobrecarga sensorial. É um problema mais mecânico do que de postura. Ele está sobrecarregado e colapsa.

Por sua vez, o shutdown é a crise interna. É um desligamento, um esgotamento mental. É como se a mente se desligasse mesmo. Acabou a bateria, a energia. O efeito mais comum é o autista dormir ou ficar quieto em um canto.

Como o espectro do autismo é amplo, cada autista terá reações diferentes diante do meltdown ou shutdown. O comportamento varia de acordo com a cultura, educação ou situações sociais.

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É importante que o autista encontre suporte, diante de um meltdown ou shutdown. Os apoiadores devem agir sem-julgamento (afinal, é apenas uma sobrecarga sensorial), tentando remover ou mitigar os fatores desencadeantes, que levam o autista à crise.

Por exemplo, se é o barulho que está provocando o meltdown, tente removê-lo do ambiente. Desligue o som ou leve o autista para um ambiente mais calmo.

Gatilhos comuns são barulho, bullying, irracionalidade social, longas filas, mudanças profundas, aglomerado de gente e outras situações estressantes, que podem levar a um momento de crise.

Para diminuir a ocorrência das crises, é importante combater esses gatilhos comuns, removendo o motivo da crise. Os stims (movimentos repetitivos que estimulam os sentidos) podem ajudar os autistas a regular a crise, funcionando como técnicas comportamentais.

Essas sobrecargas podem ocorrer em qualquer autista, inclusive nos “autistas leves”.

O meltdown pode anteceder ao shutdown

Os colapsos nervosos do meltdown podem anteceder ao shutdown no autismo.

Quando isso acontece, o autista tem uma crise explosiva, sobrecarregando a mente e, logo após, sofre um desligamento, uma necessidade de se isolar para reduzir a sobrecarga social.

Esse fenômeno é comum. De maneira geral, após a explosão é natural que o autista precise de tempo para descansar.

É importante lembrar que o autismo possui um timing próprio, que deve ser respeitado. O autista tem, correntemente, uma percepção diferente de tempo.

Como ajudar os autistas em meltdown ou shutdown

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O meltdown e o shutdown são resultados de sobrecargas sensoriais, que levam a altos níveis de estresse. Quando isso ocorrer, é importante que o autista encontre compreensão e suporte.

É importante remover os fatores da sobrecarga, caso eles possam ser identificados e o autista concorde com isso. Por exemplo, se a interação nas redes sociais está levando à sobrecarga emocional, converse com o autista para que ele se afaste um pouco delas.

Suporte no meltdown

Como o meltdown é uma crise externa, que pode ser explosiva, o autista pode ser erroneamente entendido como egocêntrico, pouco sensível ou imaturo. Não é nada disso.

É importante compreender que esse processo é quase-mecânico, é uma sobrecarga sensorial.

Assim, o apoio deve vir com respeito, compreensão e sem julgamentos. Assim como você não culparia alguém por um reflexo involuntário, também não deve culpar o autista por seu meltdown.

Retire o acesso de qualquer objeto perigoso e tente remover as causas da crise (a situação estressante), como barulho ou, se for aglomerado de gente, vá com o autista para um lugar mais calmo.

Se o autista quiser curtir o seu stim, está tudo bem. Isso tende a diminuir a sobrecarga sensorial.

Pergunte ao autista se você pode fazer algo para ajudar e dê orientações claras de como o comportamento pode ser entendido como antissocial. Demonstre empatia, compreensão e respeito.

Suporte no shutdown

O shutdown é um processo é em que o autista passa para “recarregar as suas baterias”. A mente está cansada e precisa descansar. Em regra, está tudo relativamente bem, apesar do esgotamento físico e mental.

O shutdown pode, no entanto, fugir da normalidade. Nesse caso, é preciso verificar a situação do autista. Por exemplo, verificar se ele está se alimentando, se tem um plano para voltar as suas atividades diárias ou se não está perdendo algum prazo importante na escola ou faculdade.

Verifique também se o shutdown não ocorre em um lugar perigoso. Por exemplo, na rua ou em eventos públicos. É importante levar o autista para um lugar seguro, aproveitando as oportunidades possíveis

Pergunte ao autista, sem insistência, se algo pode ser feito para melhorar o seu processo de shutdown.

Conclusão

O meltdown e shutdown fazem parte de ser autista. Quando se tem uma mente diferente, passa-se por processos diferentes.

O importante é evitar os excessos, como o comportamento suicida e acessos de raiva, que possam prejudicar terceiros ou o próprio autista.

A sobrecarga sensorial é um processo mais mecânico do que moral. Portanto, não devemos entendê-lo como um comportamento antissocial.

Os autistas merecem acolhimento e entendimento, além de inclusão. Ambientes de trabalho e sociais devem ser adaptados para mitigar as sobrecargas, sem julgamentos preconceituosos e capacitistas.

Os autistas colaboram bastante com a sociedade com os seus hiperfocos. Nada mais justo do que ter a adaptação necessária, para melhor empreendê-los.

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